O que realmente impulsiona o ser humano para além das necessidades básicas? Tenho a sensação de que existe uma força sutil, mas poderosa, que nos move em direção ao futuro. Essa força reside em dois conceitos fundamentais: a esperança e o encantamento. Eles não são apenas sentimentos, mas pilares que moldam nossas aspirações e a busca por uma vida melhor. A esperança é a expectativa de melhoria contínua, a crença de que o amanhã será mais promissor, tanto na vida pessoal quanto profissional. Já o encantamento é a nossa capacidade de sermos tocados pelo belo, seja na natureza ou na arte, algo que nos conecta com a essência e a qualidade da vida.
A filosofia nos ajuda a aprofundar esses conceitos. Em sua obra “A História da Beleza”, Umberto Eco nos mostra que o belo não é um padrão fixo, mas uma construção cultural que muda com o tempo. O belo é o que nos atinge e cativa, fazendo-nos reconhecer uma harmonia estética. Por sua vez, Byung-Chul Han, em “A Salvação do Belo”, argumenta que a beleza moderna está ameaçada pela perfeição asséptica e pelo excesso de informação. Para ele, a verdadeira beleza está no que é imperfeito, naquilo que é autêntico, que nos provoca e nos tira da indiferença.
E onde o design se encaixa nessa equação? O design é uma ponte para a esperança e o encantamento. É o ofício que molda nosso ambiente, tornando-o mais funcional, intuitivo e também belo. Um bom design, ao solucionar problemas, eleva a qualidade de vida. Pense em um produto de uso diário: se for bem desenhado, ele reduz a frustração, economiza seu tempo e traz prazer estético. O verdadeiro design não busca a perfeição artificial citada por Han, mas a beleza que se manifesta por meio da forma e das funções práticas e semânticas.
Ao longo da história, a humanidade se moveu impulsionada por essas duas forças. Pessoas saíram de seus lares com a esperança de uma vida melhor em novas terras. Na atualidade, esse é o principal alimento dos nômades digitais, que buscam novas paisagens e culturas que os inspiram. Cidades inteligentes fazem a integração da tradição e da tecnologia, preservando a beleza de sua história e oferecendo, ao mesmo tempo, oportunidades de melhoria e lugares de contemplação.
Mirar o horizonte é mais do que a simbologia de olhar para o futuro. É expandir a percepção e alimentar, simultaneamente, a esperança e o encantamento, lembrando-nos que a beleza e a busca por melhorias são, de fato, as maiores motivações da vida.